2.4.02

Minicontos do desconforto -- 12

Ele falava entusiasmadamente com ela quando a flagrou com aquele olhar maroto que antecede uma travessura. Ela o interrompeu uma fração de segundo depois dando-lhe um beijo de leve na boca e abraçando-o com genuína ternura. Ele não soube como reagir; teve ânsias de deitá-la no chão do bar lotado e possuí-la ali mesmo. Mas conteve-se. Sabia que ela confiava nele, e aqueles selinhos não eram incomuns entre os dois.

Ela o olhou falando rápido como uma metralhadora, como de hábito, e sua alma tremeu. Pensou "que diabos, por que ele não me beija?". Logo começou a sorrir com os olhos e decidiu tomar a iniciativa. Queria calá-lo com um amasso poderoso, mas conteve-se. Saiu um beijo de amiga e um abraço de irmã. Ficou puta consigo mesma ao perceber que o deixara sem ação.

Foi o mais perto que chegaram de um romance.

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