31.8.05

Moçada, que inverno é esse, hein? Fala sério, dá vontade de ir para a praia...

21.8.05

Minicontos do desconforto -- 80

Tocou a música que havia sido "dela", na adolescência.

Eles estavam alegres, haviam dançado e bebido pequenas batidas geladinhas de morango; estavam naquele território que fica entre iniciar o vôo para o nirvana ou se render ao desejo tão sublimado na busca da perfeição (perfeição lá para as nêgas do Buda, né?, que para nosso corpo sedento e trêmulo não serve mesmo, pensou ele, dominado pela vodca). Ele se sentou um pouco, ouvindo os acordes suaves.

Então, de repente ela o olhou de um modo estranho.

-- Você se importa se eu te beijar?

-- É claro que não -- ele se ouviu dizer numa voz cheia de nonchalance, que escondia a tensão súbita.

Ela deu-lhe um pequenino beijo nos lábios. Ele ficou insatisfeito. Veio outro beijo tímido, mais um, mais um e então ele lhe tocou os cabelos, acariciando sua nuca e sentindo todo aquele calor sólido subir-lhe pelo meio das pernas, exatamente como sentiu o caseiro de Lady Chatterley. A ereção foi pronta e inevitável.

E exatamente aí ela abriu a boca e as línguas deslizaram livres e sem vergonha, sem culpa, e então o beijo foi sôfrego como uma espera embutida no palato durante anos; as colcheias da música pareciam estar dentro da boca perfumada, as cifras do violão inscritas no batom delicado que se misturava aos líquidos amorosos, à respiração que parecia gemer e sussurrar dialetos perdidos no tempo, na relva e nas fontes dos jardins babilônicos.

Ele a abraçou, envolveu seu corpo no laço de seus músculos; o beijo ficou mais intenso e as línguas eram como katanas forjadas em carbono, que se tocavam e recuavam em movimentos ensaiados, cuidadosos, mas tão intensos que tudo à volta deles sumiu de repente e ambos se sentiram em outro lugar, em outra época, uma época pagã, livre, algo debochada, onde havia correntezas de vinho e sombras generosas com um frescor realmente novo.

A música voltou quando ela deitou devagar a cabeça em seu peito.

Eis a verdadeira sabedoria, a sabedoria do gesto: beijar, pensou ele. Para que se livrar do desejo, se é justamente ele que leva à ausência de sofrimento? O desejo é o cerne de nossa condição, refletiu. E não apenas o desejo de possuir -- ali, o desejo era de se entregar, de (se possível) arrancar sua alma, dobrá-la e dar de presente a ela.

Ele já saíra com muitas amigas, e muitas vezes quisera dizer-lhes o que ia na alma com um beijo, porque a certo momento da noite as palavras se retiravam para dormir. Mas a maioria não havia compreendido essa vontade premente.

Ela mudara isso e não percebera. Mas ele nunca se sentira tão feliz.

Ela abriu sua alma para ele o resto da noite, falando de todos os seus conflitos interiores. Ele ouviu e deu sua opinião. Mas, toda vez que queria falar de si e do que sentia, simplesmente a beijava com ardor.

E nunca ele foi tão eloqüente.

17.8.05

Come on Charlotte
Wake up San Diego, Milwaukie, Miami
Put your two lips together and kiss

We're kissin' in Cleveland,
and Cincinnatti too
Way out in Chicago, I'll tell you what to do
They party all over, even in St. Lou
So baby get ready and I'll be kissin' you

Oh, oh, 'cause anytime is kissin' time, USA
So treat me right, don't make me fight
And we'll rock and roll tonight

We're kissin' in Dallas
And Philly's goin' wild
So let's Kiss Atlanta, ho
You know we'll make it smile
We love the women
Way down in Tennessee
So baby come on now
and start a-kissin' me

Oh, oh, 'cause anytime is kissin' time, USA
So treat me right, don't make me fight
And we'll rock and roll tonight

Kiss all of Seattle, LA to Baltimore
You know we been kissin' in 'Frisco,
so lets kiss some more
Let's do it in Detroit,
they all know the score
So baby, oh baby, what are we waitin' for!!

("Kissin' Time", gravada pelo Kiss em 1973)

2.8.05


Repetindo o post do Cadafalso I:

Acaba de sair do prelo meu novo livro, escrito junto com Fernando de Oliveira e Aroaldo Veneu. "Linux: Comece Aqui" é o título, e ele é o diário de um usuário que se encontra pela primeira vez com o sistema operacional de código-fonte aberto simbolizado pelo pingüim, e conta sua experiência. O livro é voltado para quem não conhece o Linux e foi baseado na distribuição Fedora Core 2. Em breve, aviso aqui quando e onde será a noite de autógrafos. O prefácio do livro é de Mr. Marcelo Balbio e a quarta capa, de Elis Monteiro.