Vou dar uma descansada nas próximas semanas. Portanto, feliz Natal e excelentes agitos no Ano Novo a todos os amigos deste Cadafalso!!!!
20.12.02
19.12.02
Mais um conto junto com minha short-story partner!
Lingerie
André Machado e Crib Tanaka
Estavam os dois na seção de lingerie. Ela já olhara para ele e estava com vontade de dar uma risada. Ele tivera aquela idéia maluca de comprar um conjunto ousado para a mulher (era o que se dizia) e agora não sabia onde se esconder do olhar dela. Sentia a vermelhidão nas faces subir como um turbilhão. Foi quando ouviram um apito e gritos de outros fregueses, que saíram correndo da loja.
Ela foi até o caixa mais próximo perguntar o que estava acontecendo. Ele preferiu ignorar tudo e virou-se de costas.
-- O tráfico está passando aí e mandando fechar as lojas -- cacarejou a caixa, fechando atabalhoadamente sua máquina e dando no pé com a bolsa a tiracolo.
Ela olhou para a entrada e viu três homens bem-vestidos portando escopetas. Um apontava para o gerente.
-- Fecha aí senão a gente esculacha! -- vociferou.
A loja já estava quase vazia e as portas, quase totalmente baixadas. Ela hesitou entre ir até lá e voltar para avisar seu "vizinho" da seção de lingerie.
Foi o bastante para trancarem tudo e deixarem os dois às escuras, sozinhos, no exato momento em que ele se dera conta do "bonde" e, correndo, esbarrou com ela no meio do caminho. Ambos caíram sentados no chão e se viram ali, na penumbra, enquanto o efeito do ar-condicionado passava e o calor se fazia cada vez mais presente.
Ele ficou com uma perna esticada; a outra, flexionada, servindo de apoio ao corpo, não sentia nada. O tipo de nada que sobrevém quando milhares de sentimentos circulam freneticamente. Medo, suspense e impotência diante daquela situação onde absolutamente nada poderia ser feito.
Ela ficou ajeitando o vestido e os cabelos. Ria da calcinha vermelha que ele segurava.
-- A noite vai ser boa, né?
Ele, sem graça e acuado diante da pergunta dela, tentava disfarçar a vergonha. Desde pequeno fora educado tradicionalmente. A imagem de sua mãe lhe veio à cabeça. Italiana, num vestido florido e longos cabelos ainda negros, depois de tantos anos. O dedo esticado lhe dando uma bronca por estar com uma calcinha (vermelha) na mão.
Não respondeu nada.
-- Desculpe se o incomodei com a pergunta. É que acho que vamos passar horas aqui dentro. Meu nome é Lara. Comecei a trabalhar aqui hoje e, se já estava perdida antes, imagine agora...
Ela sorriu amarelo e acendeu um cigarro. Ele tossiu, abanando a própria boca.
-- Não tem medo de morrer, não? -- disse, por fim.
-- Tenho medo de morrer velha.
Andando pela loja, ela descobriu o estoque e logo voltou com uma caixa de microcalcinhas de renda, sutiãs transparentes, meias 7/8 brancas.
-- Olhe, vai ver acha alguma coisa interessante por aqui.
Ele afastou a caixa, meio irritado com aquela intimidação. Ela riu com os olhos e pôs a caixa em cima do balcão. Abria os saquinhos de plástico com cuidado, enquanto se olhava no espelho.
-- Licença. -- E logo a cortina do provador fechou-se.
Ele manteve-se impassível.
Ela saiu e pôs algumas peças dentro da bolsa.
-- Veste bem esse aqui, mas não gosto da cor. Leva para ela.
O sutiã branco de algodão caiu no colo dele.
-- Eu estava procurando alguma coisa mais colorida.
-- Olha esse então. -- E voou uma calcinha grande, verde-piscina.
-- Não, essa cor é feia.
Por fim ela jogou em cima dele um espartilho preto, com transparências entremeadas e flores de veludo recortadas minuciosamente. Ele guardou dentro da pasta sem dizer nada.
-- Esse ficou muito bem em mim -- comentou ela.
Em seguida, acendeu outro cigarro. Sentou-se encostada ao balcão, de lado para ele.
-- É para quem?
A porta abriu e a polícia entrou, vociferando "sai, sai!" Eles se levantaram correndo, assustados com a agressividade.
Tomaram caminhos diferentes e só perceberam isso quase chegando às esquinas opostas.
Foi o tempo de ela se virar e ele dizer, só mexendo a boca, sem emitir um som: "é para mim".
Lingerie
André Machado e Crib Tanaka
Estavam os dois na seção de lingerie. Ela já olhara para ele e estava com vontade de dar uma risada. Ele tivera aquela idéia maluca de comprar um conjunto ousado para a mulher (era o que se dizia) e agora não sabia onde se esconder do olhar dela. Sentia a vermelhidão nas faces subir como um turbilhão. Foi quando ouviram um apito e gritos de outros fregueses, que saíram correndo da loja.
Ela foi até o caixa mais próximo perguntar o que estava acontecendo. Ele preferiu ignorar tudo e virou-se de costas.
-- O tráfico está passando aí e mandando fechar as lojas -- cacarejou a caixa, fechando atabalhoadamente sua máquina e dando no pé com a bolsa a tiracolo.
Ela olhou para a entrada e viu três homens bem-vestidos portando escopetas. Um apontava para o gerente.
-- Fecha aí senão a gente esculacha! -- vociferou.
A loja já estava quase vazia e as portas, quase totalmente baixadas. Ela hesitou entre ir até lá e voltar para avisar seu "vizinho" da seção de lingerie.
Foi o bastante para trancarem tudo e deixarem os dois às escuras, sozinhos, no exato momento em que ele se dera conta do "bonde" e, correndo, esbarrou com ela no meio do caminho. Ambos caíram sentados no chão e se viram ali, na penumbra, enquanto o efeito do ar-condicionado passava e o calor se fazia cada vez mais presente.
Ele ficou com uma perna esticada; a outra, flexionada, servindo de apoio ao corpo, não sentia nada. O tipo de nada que sobrevém quando milhares de sentimentos circulam freneticamente. Medo, suspense e impotência diante daquela situação onde absolutamente nada poderia ser feito.
Ela ficou ajeitando o vestido e os cabelos. Ria da calcinha vermelha que ele segurava.
-- A noite vai ser boa, né?
Ele, sem graça e acuado diante da pergunta dela, tentava disfarçar a vergonha. Desde pequeno fora educado tradicionalmente. A imagem de sua mãe lhe veio à cabeça. Italiana, num vestido florido e longos cabelos ainda negros, depois de tantos anos. O dedo esticado lhe dando uma bronca por estar com uma calcinha (vermelha) na mão.
Não respondeu nada.
-- Desculpe se o incomodei com a pergunta. É que acho que vamos passar horas aqui dentro. Meu nome é Lara. Comecei a trabalhar aqui hoje e, se já estava perdida antes, imagine agora...
Ela sorriu amarelo e acendeu um cigarro. Ele tossiu, abanando a própria boca.
-- Não tem medo de morrer, não? -- disse, por fim.
-- Tenho medo de morrer velha.
Andando pela loja, ela descobriu o estoque e logo voltou com uma caixa de microcalcinhas de renda, sutiãs transparentes, meias 7/8 brancas.
-- Olhe, vai ver acha alguma coisa interessante por aqui.
Ele afastou a caixa, meio irritado com aquela intimidação. Ela riu com os olhos e pôs a caixa em cima do balcão. Abria os saquinhos de plástico com cuidado, enquanto se olhava no espelho.
-- Licença. -- E logo a cortina do provador fechou-se.
Ele manteve-se impassível.
Ela saiu e pôs algumas peças dentro da bolsa.
-- Veste bem esse aqui, mas não gosto da cor. Leva para ela.
O sutiã branco de algodão caiu no colo dele.
-- Eu estava procurando alguma coisa mais colorida.
-- Olha esse então. -- E voou uma calcinha grande, verde-piscina.
-- Não, essa cor é feia.
Por fim ela jogou em cima dele um espartilho preto, com transparências entremeadas e flores de veludo recortadas minuciosamente. Ele guardou dentro da pasta sem dizer nada.
-- Esse ficou muito bem em mim -- comentou ela.
Em seguida, acendeu outro cigarro. Sentou-se encostada ao balcão, de lado para ele.
-- É para quem?
A porta abriu e a polícia entrou, vociferando "sai, sai!" Eles se levantaram correndo, assustados com a agressividade.
Tomaram caminhos diferentes e só perceberam isso quase chegando às esquinas opostas.
Foi o tempo de ela se virar e ele dizer, só mexendo a boca, sem emitir um som: "é para mim".
17.12.02
Historieta de Natal
Levantou-se. As costelas protestaram. Ainda fazia um friozinho lá fora, mas logo o calor insuportável tomaria seu lugar. Pegou o saco, que encontrara numa lixeira do prédio do BNDES há muitos verões, e que pretendia usar como cobertor, até que viu um carrinho no fundo dele na manhã seguinte e o dera para o filho no Natal daquele ano. Nunca questionara a propriedade multiplicadora do saco. Achava que era porque vinha do governo. Um subsídio que eles não entenderiam. Riu sozinho.
Esquentou o café na caneca surrada. Tragou-o puro, chamejante. Por fim acordou.
Ainda mastigando o pão de ontem com uma bitoca de manteiga, saiu e atrelou o Nicolau à carroça. Nicolau era um burro valente, capaz de agüentar o pior sol de Bangu. Vestiu a camiseta, pôs a velha boina de recruta na cabeça e começou o sacolejo em direção à saída da favela.
Passou o dia distribuindo discretamente presentes às crianças largadas nos sinais, aos adolescentes nos reformatórios, às mães sujas com bebês no colo sob as marquises. O saco funcionou fielmente mais uma vez.
O sol começou a cair e Nicolau já estava subindo a ladeira. Levou a carroça sozinho nos últimos metros, já que ele saltou na birosca. Encheu a cara de cachaça. Só comeu uns salaminhos com cara de safados.
Já de porre o suficiente para ferrar no sono, cambaleou até o barraco.
Nunca mais aquela neve nojenta, pensou.
Nunca mais aqueles duendes babacas.
Nunca mais aquelas renas teimosas.
Demorô.
Quem estaria lá, em seu lugar? Provavelmente o pessoal do marketing. Do marketing e da papelada. Aqueles que sabem tudo sobre sinergia, downsizing, fidelização, o c%$#@&*. Mas não entendem nada de noites felizes, porque são criaturas solitárias.
Pare de pensar nisso, ordenou-se. Caiu na cama improvisada; seu pé esbarrou na mesinha e um passaporte encardido foi ao chão.
Um raio de luar bateu na página onde estava o carimbo DEPORTADO, escrito em inuit, como o "Motivo da deportação: insistência em passar a dar presentes somente às crianças pobres, deixando para os pais mais aquinhoados a tarefa de comprar os de seus filhos. Desacato à Autoridade Celestial Suprema."
Autoridade... bah.
Dormiu o sono dos justos.
Levantou-se. As costelas protestaram. Ainda fazia um friozinho lá fora, mas logo o calor insuportável tomaria seu lugar. Pegou o saco, que encontrara numa lixeira do prédio do BNDES há muitos verões, e que pretendia usar como cobertor, até que viu um carrinho no fundo dele na manhã seguinte e o dera para o filho no Natal daquele ano. Nunca questionara a propriedade multiplicadora do saco. Achava que era porque vinha do governo. Um subsídio que eles não entenderiam. Riu sozinho.
Esquentou o café na caneca surrada. Tragou-o puro, chamejante. Por fim acordou.
Ainda mastigando o pão de ontem com uma bitoca de manteiga, saiu e atrelou o Nicolau à carroça. Nicolau era um burro valente, capaz de agüentar o pior sol de Bangu. Vestiu a camiseta, pôs a velha boina de recruta na cabeça e começou o sacolejo em direção à saída da favela.
Passou o dia distribuindo discretamente presentes às crianças largadas nos sinais, aos adolescentes nos reformatórios, às mães sujas com bebês no colo sob as marquises. O saco funcionou fielmente mais uma vez.
O sol começou a cair e Nicolau já estava subindo a ladeira. Levou a carroça sozinho nos últimos metros, já que ele saltou na birosca. Encheu a cara de cachaça. Só comeu uns salaminhos com cara de safados.
Já de porre o suficiente para ferrar no sono, cambaleou até o barraco.
Nunca mais aquela neve nojenta, pensou.
Nunca mais aqueles duendes babacas.
Nunca mais aquelas renas teimosas.
Demorô.
Quem estaria lá, em seu lugar? Provavelmente o pessoal do marketing. Do marketing e da papelada. Aqueles que sabem tudo sobre sinergia, downsizing, fidelização, o c%$#@&*. Mas não entendem nada de noites felizes, porque são criaturas solitárias.
Pare de pensar nisso, ordenou-se. Caiu na cama improvisada; seu pé esbarrou na mesinha e um passaporte encardido foi ao chão.
Um raio de luar bateu na página onde estava o carimbo DEPORTADO, escrito em inuit, como o "Motivo da deportação: insistência em passar a dar presentes somente às crianças pobres, deixando para os pais mais aquinhoados a tarefa de comprar os de seus filhos. Desacato à Autoridade Celestial Suprema."
Autoridade... bah.
Dormiu o sono dos justos.
16.12.02
Coisas legais enviadas pelo C@t:
Um cartão de natal bonitinho, embora, como ele mesmo avise, com geografia trôpega ;-))
Uma boa gozação com os EUA.
Um cartão de natal bonitinho, embora, como ele mesmo avise, com geografia trôpega ;-))
Uma boa gozação com os EUA.
14.12.02
Minicontos do desconforto -- 41
O rosto dela se iluminou quando sua música favorita começou a soar pelas mãos do tecladista. A seu lado, percebendo que ela estava meio tristonha por trás do sorriso, um homem levantou-se e convidou-a para dançar. E dançaram ali no meio do calçadão mesmo, à vista das ondas do mar, que se desmanchavam de ciúme na areia.
No fim, o homem desapareceu tão misteriosamente quanto surgira. E ela também se sentiu estranhamente melhor. Súbito, não lembrava mais por que estava triste.
Ouviu um bater de grandes asas e olhou para cima. Só viu um vulto. Podia ser um gavião perdido, mas ele tinha patas alongadas demais... Algo caiu a seus pés. Uma pétala azul. Tomou-a nas mãos e ela se desmaterializou diante de seus olhos.
Então levou a mão ao coração. Entendeu que pegara de volta um pedacinho -- só um pedacinho -- da tristeza que a afligira. E compreendeu que o homem -- ou o que quer que fosse -- tinha levado todo o resto embora consigo.
O rosto dela se iluminou quando sua música favorita começou a soar pelas mãos do tecladista. A seu lado, percebendo que ela estava meio tristonha por trás do sorriso, um homem levantou-se e convidou-a para dançar. E dançaram ali no meio do calçadão mesmo, à vista das ondas do mar, que se desmanchavam de ciúme na areia.
No fim, o homem desapareceu tão misteriosamente quanto surgira. E ela também se sentiu estranhamente melhor. Súbito, não lembrava mais por que estava triste.
Ouviu um bater de grandes asas e olhou para cima. Só viu um vulto. Podia ser um gavião perdido, mas ele tinha patas alongadas demais... Algo caiu a seus pés. Uma pétala azul. Tomou-a nas mãos e ela se desmaterializou diante de seus olhos.
Então levou a mão ao coração. Entendeu que pegara de volta um pedacinho -- só um pedacinho -- da tristeza que a afligira. E compreendeu que o homem -- ou o que quer que fosse -- tinha levado todo o resto embora consigo.
13.12.02
Realmente, essa fase pré-governo do Lula está gerando enorme expectativa. Hoje vim ouvindo a conversa de uma senhora com o motorista do ônibus sobre a escolha do novo presidente do Banco Central, o tucano Henrique Meirelles. O motorista achava que Lula já estava pisando na bola; a senhora contrapunha que ele estava fazendo a coisa certa.
Numa coisa, porém, os dois concordaram: para eles, Fernando Henrique Cardoso esculhambou de vez a vida dos aposentados.
Para mim, é especialmente irritante ouvi-lo falar que Lula vai herdar um problemão como se ele não fosse o responsável, no fim das contas.
O que é mais odioso é saber que existe gente que despreza o pessoal do PT por suposta falta de qualidades "cosmopolitas". O Leonardo Pimentel reproduziu em seu blog texto do Clóvis Rossi, da Folha, em que se comenta a gozação de parte da comitiva de FH nos EUA com o fato de o futuro ministro da Fazenda, Antônio Palocci, não falar inglês, ao contrário do atual, Pedro Malan.
Essa mentalidade colonizada é horrenda. Então para governar bem o país um presidente precisa saber discursar em francês no Parlamento em Paris? Ou precisa um ministro ter inglês fluente para negociar com os donos da grana?
Tantas qualidades diplomáticas no governo que se vai não resolveram a questão social brasileira.
Numa coisa, porém, os dois concordaram: para eles, Fernando Henrique Cardoso esculhambou de vez a vida dos aposentados.
Para mim, é especialmente irritante ouvi-lo falar que Lula vai herdar um problemão como se ele não fosse o responsável, no fim das contas.
O que é mais odioso é saber que existe gente que despreza o pessoal do PT por suposta falta de qualidades "cosmopolitas". O Leonardo Pimentel reproduziu em seu blog texto do Clóvis Rossi, da Folha, em que se comenta a gozação de parte da comitiva de FH nos EUA com o fato de o futuro ministro da Fazenda, Antônio Palocci, não falar inglês, ao contrário do atual, Pedro Malan.
Essa mentalidade colonizada é horrenda. Então para governar bem o país um presidente precisa saber discursar em francês no Parlamento em Paris? Ou precisa um ministro ter inglês fluente para negociar com os donos da grana?
Tantas qualidades diplomáticas no governo que se vai não resolveram a questão social brasileira.
12.12.02
Eu bem que gostaria de dar uma viajada na semana do Natal, quando terei uma folguinha. Mas as contas estão apertadas neste mês de dezembro. Às vezes, quando leio a tirinha do Zé do Boné e vejo o personagem sentado no sofá com um monte de contas espalhadas ao redor, sinto-me plenamente identificado com ele. Como seria bom pôr um fim a todas as dívidas de uma vez. Gostaria que isso acontecesse em 2003. Preciso fazer uma boa simpatia para isso ;-))
As crianças devem passar o Natal no sítio da avó materna, que é um lugar perfeito para essas coisas. Já Wal e eu pensamos em dar uma fugidinha. Este ano completamos 15 anos de casamento em outubro e ainda não conseguimos parar para comemorar direito.
As crianças devem passar o Natal no sítio da avó materna, que é um lugar perfeito para essas coisas. Já Wal e eu pensamos em dar uma fugidinha. Este ano completamos 15 anos de casamento em outubro e ainda não conseguimos parar para comemorar direito.
10.12.02
9.12.02
Nova série (além dos Minicontos do desconforto e das Conversas ;-))...
Flashes -- I
Ele olhou para a baía. A cidade parecia feita de ouro maciço, tão delicada era a reflexão do sol nos poucos arranha-céus dispersos. O céu era de um azul ímpar, apenas maculado pelas gaivotas que voavam baixo, curiosas, observando os passantes no píer. Respirou fundo, sorveu mais um gole da Corona igualmente dourada à sua frente e provou uma colherada do espesso guisado de mariscos que pedira. Não era nenhum Proust, mas depois daquela colherada bem podia escrever um tratado sobre instantes perfeitos. Este era um, tinha certeza.
Flashes -- I
Ele olhou para a baía. A cidade parecia feita de ouro maciço, tão delicada era a reflexão do sol nos poucos arranha-céus dispersos. O céu era de um azul ímpar, apenas maculado pelas gaivotas que voavam baixo, curiosas, observando os passantes no píer. Respirou fundo, sorveu mais um gole da Corona igualmente dourada à sua frente e provou uma colherada do espesso guisado de mariscos que pedira. Não era nenhum Proust, mas depois daquela colherada bem podia escrever um tratado sobre instantes perfeitos. Este era um, tinha certeza.
2.12.02
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