21.11.02

De João do Rio, numa crônica amargurada em maio de 1916:

"O homem debruçou-se sobre minha mesa.
-- Que fazes?
-- Trabalho.
-- Em quê?
-- Escrevo.
-- Oh! Inutilidade! De todas as profissões no Brasil, é a menos acreditada. Porque, se escreves bem, só se servem de ti quando precisam e ficam com medo depois. E, se escreves mal, ainda é pior, porque nem com medo ficam antes ou depois. As profissões são os enterros da vida. A de escrever corresponde ao enterro de última classe no Brasil."

Bom, a julgar pela minha situação pecuniária nos últimos dezoito anos (e se os próximos dezoito forem do mesmo calibre), vou mesmo ter um enterro baratinho. ;-). O brasileiro só pode ser feliz na concepção imaterial da felicidade. E, como escreveu minha querida Tia Cora outro dia em sua coluna, jornalista com dinheiro é um ser mitológico. Talvez seja por isso que eu imagine algum dia virar figura folclórica ;-)).
Como dizia Wilde, tempo é perda de dinheiro.

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