Este post vai com antecedência porque estarei viajando a partir de amanhã. Volto semana que vem, a tempo para a festa.
Vou comemorar meus 40 anos dançando ao som de muito rock and roll. Também comemorará seu niver minha querida Alessandra Archer. A festa vai ser na semana que vem, sexta-feira, dia 6 de dezembro, na Spin, a partir de cerca de 22h30, onde o DJ será meu chapa Gustavo de Almeida, rocker dos bons. A Spin fica na rua Teixeira de Melo, 21, em Ipanema. É a primeira transversal logo que se chega na praia. O ingresso custa R$ 5, a consumação, R$ 7.
28.11.02
Música animada para hoje! Yeah!
(...) All you need is your own imagination
So use it that's what it's for
(that's what it's for)
Go inside, for your finest inspiration
Your dreams will open the door
(open up the door)
It makes no difference
if you're black or white
If you're a boy or a girl
If the music's pumping
it will give you new life
You're a superstar, yes,
that's what you are, you know it
Come on, vogue
Let your body groove to the music
(groove to the music)
Hey, hey, hey
Come on, vogue
Let your body go with the flow
(go with the flow)
You know you can do it
("Vogue", Madonna)
(...) All you need is your own imagination
So use it that's what it's for
(that's what it's for)
Go inside, for your finest inspiration
Your dreams will open the door
(open up the door)
It makes no difference
if you're black or white
If you're a boy or a girl
If the music's pumping
it will give you new life
You're a superstar, yes,
that's what you are, you know it
Come on, vogue
Let your body groove to the music
(groove to the music)
Hey, hey, hey
Come on, vogue
Let your body go with the flow
(go with the flow)
You know you can do it
("Vogue", Madonna)
22.11.02
Hoje é aniversário de Nikiti City. Em 22 de novembro de 1573, o cacique temiminó Araribóia tomou posse das terras que recebera dos portugueses em recompensa pela ajuda na luta contra os franceses -- terras em que se destacava o Morro de São Lourenço, onde hoje está a igreja de São Lourenço dos Índios, marco da fundação da cidade. Gosto de pensar em como devia ser bela a paisagem então. Na minha infância, nos anos 60, a praia de Charitas, por exemplo, tinha águas cristalinas (hoje elas estão podres). Imagine em 1573!
Como ando muito de barca, fico olhando a baía de Guanabara e tentando me imaginar há 500 anos no mesmo local. Se apesar da esculhambação administrativa que foi enfeiando nossa paisagem ao longo dos séculos a vista ainda hoje é uma das mais lindas do mundo, chegue você de barco ou avião, é fácil deduzir que os primeiros europeus a aportarem aqui devem ter se sentido abençoados.
Veja fotos antigas da cidade (nos séculos XIX e XX) aqui.
Como ando muito de barca, fico olhando a baía de Guanabara e tentando me imaginar há 500 anos no mesmo local. Se apesar da esculhambação administrativa que foi enfeiando nossa paisagem ao longo dos séculos a vista ainda hoje é uma das mais lindas do mundo, chegue você de barco ou avião, é fácil deduzir que os primeiros europeus a aportarem aqui devem ter se sentido abençoados.
Veja fotos antigas da cidade (nos séculos XIX e XX) aqui.
21.11.02
De João do Rio, numa crônica amargurada em maio de 1916:
"O homem debruçou-se sobre minha mesa.
-- Que fazes?
-- Trabalho.
-- Em quê?
-- Escrevo.
-- Oh! Inutilidade! De todas as profissões no Brasil, é a menos acreditada. Porque, se escreves bem, só se servem de ti quando precisam e ficam com medo depois. E, se escreves mal, ainda é pior, porque nem com medo ficam antes ou depois. As profissões são os enterros da vida. A de escrever corresponde ao enterro de última classe no Brasil."
Bom, a julgar pela minha situação pecuniária nos últimos dezoito anos (e se os próximos dezoito forem do mesmo calibre), vou mesmo ter um enterro baratinho. ;-). O brasileiro só pode ser feliz na concepção imaterial da felicidade. E, como escreveu minha querida Tia Cora outro dia em sua coluna, jornalista com dinheiro é um ser mitológico. Talvez seja por isso que eu imagine algum dia virar figura folclórica ;-)).
Como dizia Wilde, tempo é perda de dinheiro.
"O homem debruçou-se sobre minha mesa.
-- Que fazes?
-- Trabalho.
-- Em quê?
-- Escrevo.
-- Oh! Inutilidade! De todas as profissões no Brasil, é a menos acreditada. Porque, se escreves bem, só se servem de ti quando precisam e ficam com medo depois. E, se escreves mal, ainda é pior, porque nem com medo ficam antes ou depois. As profissões são os enterros da vida. A de escrever corresponde ao enterro de última classe no Brasil."
Bom, a julgar pela minha situação pecuniária nos últimos dezoito anos (e se os próximos dezoito forem do mesmo calibre), vou mesmo ter um enterro baratinho. ;-). O brasileiro só pode ser feliz na concepção imaterial da felicidade. E, como escreveu minha querida Tia Cora outro dia em sua coluna, jornalista com dinheiro é um ser mitológico. Talvez seja por isso que eu imagine algum dia virar figura folclórica ;-)).
Como dizia Wilde, tempo é perda de dinheiro.
17.11.02
Minicontos do desconforto -- 39
Sob o guarda-sol colorido, apreciava a brisa. A água turquesa e ondulante da piscina. O ouro subindo em bolinhas dentro do chope. O vapor perfumado de eucalipto que se evolava da porta semi-aberta da sauna. Acendeu um cigarro. Seus gestos eram lentos; o dia era devagar quase parando. Olhou a filha adolescente conversando em sussurros com a melhor amiga. Parou para observar sua mulher, branca como um lírio, os movimentos suaves ao falar à prima, a poucos metros dali.
De repente lembrou-se de suas lições de antropologia: transformar o familiar no exótico. Era como se observasse uma pintura em três dimensões à sua volta.
Ele quase -- quase -- percebeu que o Tempo tinha parado. Só de sacanagem, para acompanhar o domingo e lubrificar os Ponteiros.
Sob o guarda-sol colorido, apreciava a brisa. A água turquesa e ondulante da piscina. O ouro subindo em bolinhas dentro do chope. O vapor perfumado de eucalipto que se evolava da porta semi-aberta da sauna. Acendeu um cigarro. Seus gestos eram lentos; o dia era devagar quase parando. Olhou a filha adolescente conversando em sussurros com a melhor amiga. Parou para observar sua mulher, branca como um lírio, os movimentos suaves ao falar à prima, a poucos metros dali.
De repente lembrou-se de suas lições de antropologia: transformar o familiar no exótico. Era como se observasse uma pintura em três dimensões à sua volta.
Ele quase -- quase -- percebeu que o Tempo tinha parado. Só de sacanagem, para acompanhar o domingo e lubrificar os Ponteiros.
16.11.02
Minicontos do desconforto -- 38
A frente fria daquela semana completou à perfeição a sensação de tédio que o perseguira durante todo o mês. Estava com uma vontade doida de conhecer alguém tinindo de novo, de se apaixonar, de através de uma cumplicidade fresquinha ser capaz de olhar o mundo de ângulos inusitados. Foi quando deu de cara com ela numa fila de banco. O mais improvável dos lugares, é verdade. Mas não é que ela cravou os olhos nele também?
Aí seu peito deu o aviso. A carne tremeu, ele pôde sentir os ecos de uma britadeira enferrujada lá dentro. Era o coração que espanava os ácaros. Só que a diferença entre as velhas batidas compassadas de um dia-a-dia cinza e as novinhas, turbinadas, potentes, movidas a paixão, foi demais para ele. Teve um enfarte ali mesmo, no meio dos caixas eletrônicos e do mau humor dos clientes mal atendidos.
Sobreviveu. Mas, tão logo a família e os parentes foram embora do quarto do hospital, chorou amargamente ao crepúsculo, pois sabia que não teria mais coragem de amar.
A frente fria daquela semana completou à perfeição a sensação de tédio que o perseguira durante todo o mês. Estava com uma vontade doida de conhecer alguém tinindo de novo, de se apaixonar, de através de uma cumplicidade fresquinha ser capaz de olhar o mundo de ângulos inusitados. Foi quando deu de cara com ela numa fila de banco. O mais improvável dos lugares, é verdade. Mas não é que ela cravou os olhos nele também?
Aí seu peito deu o aviso. A carne tremeu, ele pôde sentir os ecos de uma britadeira enferrujada lá dentro. Era o coração que espanava os ácaros. Só que a diferença entre as velhas batidas compassadas de um dia-a-dia cinza e as novinhas, turbinadas, potentes, movidas a paixão, foi demais para ele. Teve um enfarte ali mesmo, no meio dos caixas eletrônicos e do mau humor dos clientes mal atendidos.
Sobreviveu. Mas, tão logo a família e os parentes foram embora do quarto do hospital, chorou amargamente ao crepúsculo, pois sabia que não teria mais coragem de amar.
14.11.02
Ontem tomei uma cerveja com meus velhos amigos Marcellinho e Ita. Os dois não se viam há quase uma década (estamos todos ficando velhos mesmo ;-)) e fomos ao tradicional Steak House em Nikiti para botar os papos em dia. E que papos. Por mim, teria ficado lá até de manhã falando sobre a vida e seus desdobramentos, mas infelizmente tem aquela hora em que o Dever aparece vestido de garçom e, com a conta na mão, nos lembra que amanhã ainda é dia de trabalhar.
De qualquer modo a noite foi mágica. Nada como os amigos para botar nossa vida em perspectiva, não é?
De qualquer modo a noite foi mágica. Nada como os amigos para botar nossa vida em perspectiva, não é?
12.11.02
8.11.02
Minicontos do desconforto --37
Cresceu uma criança obediente. Foi um estudante obediente e, tendo-se casado muito jovem, cedo tornou-se também um marido obediente. Aos poucos, levado pela maré da mediocridade, transformou-se num não-homem. E nada mais alimentava o seu nada interior com tanta presteza quanto o álcool.
Devagarzinho, foi-se alienando da família. Os filhos, ainda adolescentes, já não o distinguiam do padrão do estampado do sofá. O primogênito o surrou certa vez, achando que socava a parede num acesso de raiva qualquer. A filha, mas tarde, jogou-o dentro de uma caçamba de entulho junto com uma poltrona velha.
No fim, ninguém mais o divisava. E não seria exceção o motorista do ônibus que o atropelou numa tarde de domingo.
Morto, porém, tornou-se material. Ao menos um corpo conseguiu ser. Mesmo assim ficou longos dias na gaveta do IML, até que acharam um cartão amarrotado no bolso com o telefone de uma prima, que o enterrou como pôde num cemiteriozinho de igreja.
Ninguém chorou por sua alma. Nem os proscritos que a acompanharam até o purgatório. Sim, porque ele nada fizera, nem bom nem mau.
Quem o salvou, no fim, foi Buda, o Iluminado, cujo costume de percorrer as diferentes esferas levou-o ao cantinho do não-homem. Buda percebeu que ali houvera um erro de encarnação, e permitiu que ele voltasse ao mundo dos vivos. Como uma pedra ao sol, imóvel e feliz.
(In memoriam: J. Para onde quer que vá, descanse em paz.)
Cresceu uma criança obediente. Foi um estudante obediente e, tendo-se casado muito jovem, cedo tornou-se também um marido obediente. Aos poucos, levado pela maré da mediocridade, transformou-se num não-homem. E nada mais alimentava o seu nada interior com tanta presteza quanto o álcool.
Devagarzinho, foi-se alienando da família. Os filhos, ainda adolescentes, já não o distinguiam do padrão do estampado do sofá. O primogênito o surrou certa vez, achando que socava a parede num acesso de raiva qualquer. A filha, mas tarde, jogou-o dentro de uma caçamba de entulho junto com uma poltrona velha.
No fim, ninguém mais o divisava. E não seria exceção o motorista do ônibus que o atropelou numa tarde de domingo.
Morto, porém, tornou-se material. Ao menos um corpo conseguiu ser. Mesmo assim ficou longos dias na gaveta do IML, até que acharam um cartão amarrotado no bolso com o telefone de uma prima, que o enterrou como pôde num cemiteriozinho de igreja.
Ninguém chorou por sua alma. Nem os proscritos que a acompanharam até o purgatório. Sim, porque ele nada fizera, nem bom nem mau.
Quem o salvou, no fim, foi Buda, o Iluminado, cujo costume de percorrer as diferentes esferas levou-o ao cantinho do não-homem. Buda percebeu que ali houvera um erro de encarnação, e permitiu que ele voltasse ao mundo dos vivos. Como uma pedra ao sol, imóvel e feliz.
(In memoriam: J. Para onde quer que vá, descanse em paz.)
7.11.02
Conversas -- III
-- Pronto, aí. Montei seus pedais para a guitarra e ainda botei o afinador conectado. Agora vai ser moleza ajustar o som.
-- Hum.
-- Que é? Não gostou?
-- Deixa pra lá.
-- Fala, pô.
-- É que... eu ODEIO esse afinador.
-- Não acredito no que você está dizendo. Não acredito!
-- Mas eu odeio.
-- Mas ele é o certo.
-- Eu sei, mas não me dou bem com ele. Prefiro afinar do meu jeito.
-- Não existe "seu jeito". O do afinador é universal.
-- Não adianta, eu sempre tenho que corrigir alguma coisa depois que afino com ele.
-- Isso é porque você toca mal.
-- Uma ova. É questão de sensibilidade. E você não tem nenhuma.
-- Ah, é, né? Puxa vida, eu montei esse negócio com o maior carinho...
-- Aimeudeus, vai começar a se fazer de vítima. Saco.
-- Tudo bem, faça como você quiser.
-- Tá bom, tá bom, vou pegar o afinador.
Blém, blém, blém, bleeeem, blém, blom, blum.
-- Tudo certo?
-- Acho que tá. Dá um mi aí. O acorde.
Brlerlelemmmmm.
-- Então, o afinador não é perfeito?
-- É. Mas dá a nota sol aí, que eu acho que está baixa...
-- #@*&%!!!!!!!!!!
-- Pronto, aí. Montei seus pedais para a guitarra e ainda botei o afinador conectado. Agora vai ser moleza ajustar o som.
-- Hum.
-- Que é? Não gostou?
-- Deixa pra lá.
-- Fala, pô.
-- É que... eu ODEIO esse afinador.
-- Não acredito no que você está dizendo. Não acredito!
-- Mas eu odeio.
-- Mas ele é o certo.
-- Eu sei, mas não me dou bem com ele. Prefiro afinar do meu jeito.
-- Não existe "seu jeito". O do afinador é universal.
-- Não adianta, eu sempre tenho que corrigir alguma coisa depois que afino com ele.
-- Isso é porque você toca mal.
-- Uma ova. É questão de sensibilidade. E você não tem nenhuma.
-- Ah, é, né? Puxa vida, eu montei esse negócio com o maior carinho...
-- Aimeudeus, vai começar a se fazer de vítima. Saco.
-- Tudo bem, faça como você quiser.
-- Tá bom, tá bom, vou pegar o afinador.
Blém, blém, blém, bleeeem, blém, blom, blum.
-- Tudo certo?
-- Acho que tá. Dá um mi aí. O acorde.
Brlerlelemmmmm.
-- Então, o afinador não é perfeito?
-- É. Mas dá a nota sol aí, que eu acho que está baixa...
-- #@*&%!!!!!!!!!!
6.11.02
Minicontos do desconforto -- 36
Não conseguiam se livrar das dívidas. Tudo parcelado em 36 vezes, para aumentar a angústia. A cada mês tinham de sortear mais contas que ficariam para o mês seguinte.
Num dia chuvoso, especialmente cinza-chumbo, eles se olharam e resolveram ir à delegacia. Queremos denunciar uma tentativa de assassinato, disseram ao delegado. E quem é a vítima?, perguntou ele.
-- Somos nós -- suspirou o marido. -- O dinheiro está matando nosso amor.
Não conseguiam se livrar das dívidas. Tudo parcelado em 36 vezes, para aumentar a angústia. A cada mês tinham de sortear mais contas que ficariam para o mês seguinte.
Num dia chuvoso, especialmente cinza-chumbo, eles se olharam e resolveram ir à delegacia. Queremos denunciar uma tentativa de assassinato, disseram ao delegado. E quem é a vítima?, perguntou ele.
-- Somos nós -- suspirou o marido. -- O dinheiro está matando nosso amor.
5.11.02
Como já havia dito aqui, novembro é o mês de aniversário dos Cadafalsos. O original, o Comentários e Versos do Cadafalso, completa um ano amanhã e já fiz um post nesse sentido por lá. Aqui, o aniversário é no dia 30/11, quando relembrarei a história de como esta pagininha veio ao mundo. Mas a guaribada na interface já vai antes, preparando a festa ;-))
Por ora, aí temos mais um momento roquenrou:
Momento rock -- 19
"Ele tinha pouco a ver com a guitarra no sentido técnico. O que fazia era tocar o espírito da música."
(Robert Fripp sobre Jimi Hendrix)
Por ora, aí temos mais um momento roquenrou:
Momento rock -- 19
"Ele tinha pouco a ver com a guitarra no sentido técnico. O que fazia era tocar o espírito da música."
(Robert Fripp sobre Jimi Hendrix)
Não estou mais tocando com Hélcio, nem em Vila Isabel, nem em Niterói. Ele saiu do Choppgol e está acertando shows com outras casas noturnas. Enquanto isso, a banda fica no aguardo de uma nova estréia. Enquanto isso, estou de folga na música. Mas assim que for chamado para a ativa, aviso todo mundo.
1.11.02
Conversas -- II
-- Alô.
-- É do inferno?
-- É. Residência do Príncipe das Trevas.
-- Por favor, chame seu senhor. É do céu. O Pai Eterno quer falar com ele.
-- Pois não.
-- Alô?
-- Belzebs?
-- Eu.
-- Sou Eu.
-- Manda. Algum problema? São três horas da manhã, eu estou aqui assistindo com Brutus a dez reprises de "Direito de nascer".
-- É o seguinte: meu Filho está começando a despertar para o Seu lado divino lá embaixo...
-- Você quer dizer lá em cima.
-- Tá, como queira. O problema é que, embora os engenheiros de software celestial tenham trabalhado desde o Éden para criar o Mensageiro perfeito, houve uns problemas no código-fonte da alma Dele...
-- Eu falei pra Você não usar software proprietário...
-- Ai Meu cacete. Posso terminar?
-- Vai.
-- Ele está achando que sou Eu.
-- Ué! E não é?
-- Sim, mas até certo ponto. Tem aquela história do Pai, do Filho, do Espírito Santo... Sabe como é, a hierarquia...
-- E daí?
-- Daí que alguns adivinhos aqui mostraram que Ele não vai poder reinar para sempre e salvar o mundo de verdade, como planejado. Infelizmente, vamos ter que passar para o plano B.
-- Plano B?
-- É, Ele vai ter que virar um mártir.
-- Mártir?
-- É, assim a coisa fica mais simbólica, assim tipo uma salvação pelo sacrifício... sabe como é a mente dos homens, né? Eles chegam às conclusões mais tortuosas, por isso temos que jogar o jogo jogado.
-- Tu tá pior que marqueteiro de político, hein? Mas entendi. E o que que eu tenho com isso?
-- Vou precisar de um traidor. Dos bons. Daquele que chega de mansinho, entra na equipe e depois fode todo mundo. Entendeu?
-- Entendi. Mas Ele vai perceber, não vai?
--- Vai, mas também entenderá Meu objetivo. E terá que cumpri-lo até o fim.
-- Mas qual é o século lá em cima? Ah, os romanos tão com tudo, né? Porra, vão pregar Seu Filho na cruz...
-- Eu sei. Mas vai ter que ser.
-- E depois?
-- Depois Ele volta. Quando parar com essa mania de grandeza.
-- Hum. Acho que isso vai demorar. Mas tudo bem. Vou ver aqui quem mando.
-- Obrigado. Tem tempo. Veja sua novela com o Brutus. Decide amanhã.
-- Tá bom.
Clic.
-- Alô.
-- É do inferno?
-- É. Residência do Príncipe das Trevas.
-- Por favor, chame seu senhor. É do céu. O Pai Eterno quer falar com ele.
-- Pois não.
-- Alô?
-- Belzebs?
-- Eu.
-- Sou Eu.
-- Manda. Algum problema? São três horas da manhã, eu estou aqui assistindo com Brutus a dez reprises de "Direito de nascer".
-- É o seguinte: meu Filho está começando a despertar para o Seu lado divino lá embaixo...
-- Você quer dizer lá em cima.
-- Tá, como queira. O problema é que, embora os engenheiros de software celestial tenham trabalhado desde o Éden para criar o Mensageiro perfeito, houve uns problemas no código-fonte da alma Dele...
-- Eu falei pra Você não usar software proprietário...
-- Ai Meu cacete. Posso terminar?
-- Vai.
-- Ele está achando que sou Eu.
-- Ué! E não é?
-- Sim, mas até certo ponto. Tem aquela história do Pai, do Filho, do Espírito Santo... Sabe como é, a hierarquia...
-- E daí?
-- Daí que alguns adivinhos aqui mostraram que Ele não vai poder reinar para sempre e salvar o mundo de verdade, como planejado. Infelizmente, vamos ter que passar para o plano B.
-- Plano B?
-- É, Ele vai ter que virar um mártir.
-- Mártir?
-- É, assim a coisa fica mais simbólica, assim tipo uma salvação pelo sacrifício... sabe como é a mente dos homens, né? Eles chegam às conclusões mais tortuosas, por isso temos que jogar o jogo jogado.
-- Tu tá pior que marqueteiro de político, hein? Mas entendi. E o que que eu tenho com isso?
-- Vou precisar de um traidor. Dos bons. Daquele que chega de mansinho, entra na equipe e depois fode todo mundo. Entendeu?
-- Entendi. Mas Ele vai perceber, não vai?
--- Vai, mas também entenderá Meu objetivo. E terá que cumpri-lo até o fim.
-- Mas qual é o século lá em cima? Ah, os romanos tão com tudo, né? Porra, vão pregar Seu Filho na cruz...
-- Eu sei. Mas vai ter que ser.
-- E depois?
-- Depois Ele volta. Quando parar com essa mania de grandeza.
-- Hum. Acho que isso vai demorar. Mas tudo bem. Vou ver aqui quem mando.
-- Obrigado. Tem tempo. Veja sua novela com o Brutus. Decide amanhã.
-- Tá bom.
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