26.5.06

Eu parei para ver, outro dia, o documentário do Scorsese sobre Bob Dylan, "No Direction Home". É absolutamente sensacional. Imperdível, mesmo com quase três horas de projeção. Ajuda a entender um pouco os anos 60 nos EUA, o auge do Village em Nova York... Tem os beats falando, Allen Ginsberg, por exemplo. E o próprio Dylan pontuando entre as seqüências históricas e musicais.

Uma porrada. E tem os primeiros shows de Dylan com a The Band, afiadíssima. A guitarra de Robbie Robertson esmerilhada, os solos como uma relação sexual prestes a chegar ao orgasmo.

E todo mundo vaiando, dizendo que Dylan eram um judas por largar o folk acústico e cair de boca na eletricidade. O artista foi corajoso ao romper com o que estava ficando meio estereotipado e abraçar um novo caminho. Todo artista tem que ter essa coragem. Mas poucos, depois que fazem sucesso e ganham dinheiro, têm.

E é como alguém no documentário fala: nos anos 60, não era a indústria que fazia o artista. O que ele tinha a dizer realmente importava.

Mas hoje, com a vida digital e a cultura livre, as vozes independentes se fazem ouvir uma vez mais. Se por um lado a tecnologia impulsiona a "música" eletrônica (à qual tenho horror, porque fere minha formação musical), por outro cria alternativas de edição e publicação. É um consolo.

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