Muito provavelmente "O senhor dos anéis" ganhará o Oscar, embora a trilogia não consiga emocionar nem interessar como o livro. Além do mais, embora eu tenha gostado de ler a saga de Frodo e companhia, considero-a um grande feito de imaginação e uma história muito bem narrada. E só. Não a considero um livro-chave de minha vida, nem tenho qualquer pretensão a falar elfo ou qualquer outra língua fictícia derivada do universo tolkieniano. No máximo, algum dia, jogar um rpg ou outro.
O melhor deste Oscar está nos atores, pelos filmes que já vi -- "Lost in translation" ("Encontros e desencontros", o título nacional, não tem nada a ver) e "Sobre meninos e lobos" (pretendo ver ainda "Mestre dos mares", pelo menos). Bill Murray dá um show no primeiro e Tim Robbins, no segundo.
"Lost in translation" é um filme sobre a solidão, o estranhamento e ennui. De cara dá para entender porque boa parte da crítica "muderna" gostou: a personagem de Scarlett Johansson (belíssima) é jovem e um tantinho arrogante, embora sua vida mal tenha começado; o de Murray é velho e completamente entedidado, perdido numa Tóquio que poderia bem ser Marte, dado o modo como ele se sente. As vidas de ambos estão empacadas e acho que nenhum dos dois acredita que haja real esperança para eles. A única personagem feliz da fita é uma atriz loura-burra. E a diretora Sofia Coppola destila uma tristeza em suas imagens que me lembrou em alguns momentos "Despedida em Las Vegas". Só que este último é o filme mais amargo que já vi, e "Lost in translation" tem senso de humor. Mas, no fim das contas, a gente sai down do cinema.
"Sobre meninos e lobos" é mais sombrio e mostra que não há redenção possível para certas coisas além da própria morte. E o filme é de Robbins, o próprio farrapo humano, arrasado por uma sociedade doente e proferindo algumas frrases cruciais. Ele está no limbo, ao contrário de seus dois antigos amigos (Sean Penn e Kevin Bacon), que escolheram lados opostos dirigidos pela culpa avassaladora que sentem pelo que aconteceu ao personagem de Robbins na infância.
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