14.7.03

E aí? I'm back.

Minicontos do desconforto -- 53

Ele olhou para ela às duas e quinze da manhã e entendeu que não ia conseguir dizer mais nada. Ela também percebeu o momento. Os dois se olharam e se abraçaram.

O amor materializou-se ali, em cima da mesa molhada de cerveja. Aninhou-se nos filetes de fumaça do cigarro esquecido sobre o cinzeiro; à medida que se elevavam, criavam arabescos maravilhosos no ar.

De repente, ele pegou o cigarro e deu uma tragada. E tudo aquilo tomou de chofre seu corpo, e ele quis estar dentro dela, banhando-se em sua carne.

Ficou fora de si, incapaz de ser suave. Disse tudo a ela, desabafou sem lhe dar tempo de respirar.

E se arrependeu, pois ela se retraiu como uma plantinha dormideira fustigada pelos dedos de crianças levadas da breca.

Foi-se o momento. A tragada seguinte nada revelou.

Mas ele precisou de três uísques para retomar seu velho ar desesperançado.

E ela achou um novo assunto.

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