Recentemente recebi um texto do Alexandre Oliva, da Fundação Software Livre da América Latina, falando de mais uma visita do Richard Stallman (conhecido como RMS), pai do Movimento Software Livre, ao Brasil nesta semana e na próxima, para o FISL em Porto Alegre. Eu posso, fácil, fácil, botar o release de Oliva entre os mais interessantes que já chegaram a minha caixa postal nesses 25 anos de profissão. Ele faz uma defesa apaixonada do software livre e da missão sagrada de Stallman ao criar o sistema GNU e o movimento, em 1983. Vale a lida:
"Embora o nome possa fazer parecer que se trate de um movimento tecnológico, o Movimento Software Livre tem suas fundações em questões sociais, políticas, éticas e morais. RMS pode muito bem ser descrito como o primeiro abolicionista da escravidão digital.
Há mais de 25 anos ele notou que artifícios técnicos e jurídicos aplicados a programas de computador começavam a ser utilizados para manter usuários impotentes e divididos.
Para evitar a impotência e alcançar a independência, é necessário que um usuário possa deter o controle sobre o funcionamento do software, podendo utilizá-lo para qualquer finalidade, mesmo que sejam necessárias adaptações e verificações. Não deve o usuário depender do fornecedor original do software para efetuá-las, caso contrário o fornecedor poderia limitar artificialmente o funcionamento do computador, ou mesmo induzir o computador a trabalhar contra os interesses do usuário, como fazem os sistemas operacionais não-Livres mais comumente utilizados hoje.
Desde sítios na Internet até controladores de dispositivos, fornecidos de maneira que funcionem exclusivamente em determinadas plataformas, negam aos usuários a possibilidade de adaptá-los para suas preferências de comportamento e plataforma. O armazenamento de arquivos dos usuários em formatos secretos faz com que, para acessar seus próprios dados, o usuário dependa do uso de um programa específico que carrega as chaves para decodificá-los. São algemas digitais, um desrespeito aos usuários, que os torna prisioneiros indefesos e impotentes.
Para o exercício da solidariedade, a vida em comunidade, e para acelerar o aprendizado e a evolução científica e tecnológica, é essencial que usuários possam compartilhar entre si as soluções para problemas ou dificuldades que encontrem. Ao melhorar um programa para resolver um determinado problema, ou ao descobrir que ele já serve a esse propósito, é fundamental que cada usuário possa compartilhar essa solução com outros membros da comunidade.
A proibição ao compartilhamento, ao contrário, exige que cada um decida ou ser um bom membro da comunidade ou atender a demandas mesquinhas e anti-sociais. Quem aceita o desrespeito cria um problema para si, mas também divide e enfraquece a comunidade.
Para combater a impotência, a dependência, e a divisão da comunidade de usuários, Richard começou a desenvolver em 1984 o sistema GNU, para permitir a qualquer usuário utilizar computadores sem sacrificar suas liberdades ou seus direitos humanos. O resultado dos esforços que ali se iniciaram é o sistema operacional Livre GNU/Linux, ícone do Software Livre, utilizado em computadores dos mais potentes do mundo a minúsculos telefones e roteadores, que inspirou o desenvolvimento de milhares de programas Livres, dentre eles suítes de oficina, navegadores e servidores web utilizados por milhões de usuários."
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