24.8.08

Minicontos do desconforto -- 95

(Fragmentos copiados do caderno de um poeta enquanto ele dormia após uma noite insone repleta de pensamentos contraditórios)

Mário de Andrade acertou quando escreveu que amar é um verbo intransitivo. Antes de dizer que ama alguém ou alguma coisa, diga: eu amo.

----

Acredito em Deus. Sempre achei que não acreditar em Deus é falta de imaginação. Não acredito nas instituições que os homens criaram em nome dele. Mas que há um Mistério divino no universo, isso há. Tenho tanta certeza disso quanto certeza de que tenho uma alma.

----

Meu amor por você é tão grande e tão diferente que eu não sei o que fazer com ele. É claro que quero beijar sua boca e o resto de seu corpo e fazer amor contigo. Mas ao mesmo tempo não seria maravilhoso não deixar as partículas insidiosas do cotidiano de cada um de nós ingressarem na vida do outro? Você é linda, brilhante, um ser de luz diante de mim, principalmente quando sorri e me olha com seus olhos sempre interrogativos, como os de uma criança. E eu fico pensando: se a rotina nos contaminar, será que verei esses olhos e esse sorriso assim para o resto de meus dias? Perdurará a magia que agora nos rodeia, enquanto tentamos descobrir direito quem é o outro? Não existe roedor mais nocivo que a rotina. E eu quero você sempre assim, nos nossos encontros fugazes, sem muitos planos, quero sempre fazer você rir e emocioná-la, instigar sua inteligência e imaginação... Oxalá você seja sempre a minha princesa pessoal, na melhor acepção do termo: a principal, a primeira neste envelhecido coração, que fez acordar minha inspiração depois de um longo e insípido sono. Eu só posso me ajoelhar e dizer: obrigado.

Nenhum comentário: