Minicontos do desconforto -- 95
(Fragmentos copiados do caderno de um poeta enquanto ele dormia após uma noite insone repleta de pensamentos contraditórios)
Mário de Andrade acertou quando escreveu que amar é um verbo intransitivo. Antes de dizer que ama alguém ou alguma coisa, diga: eu amo.
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Acredito em Deus. Sempre achei que não acreditar em Deus é falta de imaginação. Não acredito nas instituições que os homens criaram em nome dele. Mas que há um Mistério divino no universo, isso há. Tenho tanta certeza disso quanto certeza de que tenho uma alma.
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Meu amor por você é tão grande e tão diferente que eu não sei o que fazer com ele. É claro que quero beijar sua boca e o resto de seu corpo e fazer amor contigo. Mas ao mesmo tempo não seria maravilhoso não deixar as partículas insidiosas do cotidiano de cada um de nós ingressarem na vida do outro? Você é linda, brilhante, um ser de luz diante de mim, principalmente quando sorri e me olha com seus olhos sempre interrogativos, como os de uma criança. E eu fico pensando: se a rotina nos contaminar, será que verei esses olhos e esse sorriso assim para o resto de meus dias? Perdurará a magia que agora nos rodeia, enquanto tentamos descobrir direito quem é o outro? Não existe roedor mais nocivo que a rotina. E eu quero você sempre assim, nos nossos encontros fugazes, sem muitos planos, quero sempre fazer você rir e emocioná-la, instigar sua inteligência e imaginação... Oxalá você seja sempre a minha princesa pessoal, na melhor acepção do termo: a principal, a primeira neste envelhecido coração, que fez acordar minha inspiração depois de um longo e insípido sono. Eu só posso me ajoelhar e dizer: obrigado.
24.8.08
13.8.08
6.8.08
Minicontos do desconforto -- 94
O reencontro foi uma bobagem; nada sairia dali. Mas que engano! As palavras cresceram e se contorceram como hera faminta -- e o sentimento veio junto, sinuoso, disfarçado, ambíguo, até que explodiu ao ultrapassar o muro pontiagudo e dar com o Sol. E foi justamente o Sol que revelou todas as falhas e descascados da pintura, sem misericórdia.
Mas assim mesmo eles se beijaram. Porque um beijo é o melhor restaurador que existe.
O reencontro foi uma bobagem; nada sairia dali. Mas que engano! As palavras cresceram e se contorceram como hera faminta -- e o sentimento veio junto, sinuoso, disfarçado, ambíguo, até que explodiu ao ultrapassar o muro pontiagudo e dar com o Sol. E foi justamente o Sol que revelou todas as falhas e descascados da pintura, sem misericórdia.
Mas assim mesmo eles se beijaram. Porque um beijo é o melhor restaurador que existe.
É bem verdade que na fase roqueira em que me encontro (sem falar no trabalho jornalístico) deixei meus Cadafalsos solitários em frias madrugadas; vou me esforçar para vir aqui mais vezes. É que meus poemas e contos são resultado de um estado de reflexão que é quase o inverso do processo musical.
Mas não posso perder a oportunidade musical, compreendam: neste momento, para mim, a música é como a amante que eu julgava perdida e retornou depois de mais de duas décadas de paradeiro ignorado. Eu estou fazendo tudo para agradar a essa Musa esquiva. Morro de medo de que ela vá embora de novo.
Mas não posso perder a oportunidade musical, compreendam: neste momento, para mim, a música é como a amante que eu julgava perdida e retornou depois de mais de duas décadas de paradeiro ignorado. Eu estou fazendo tudo para agradar a essa Musa esquiva. Morro de medo de que ela vá embora de novo.
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