Outro dia eu estava conversando com o Paulo Couto, do FórumPCs, e ele me dizia que foi muito feliz quando morava na Bahia, um lugar onde se sabe curtir a vida. E fiquei pensando: a felicidade é mesmo essa coisa fragmentada -- porque nós, os seres humanos, temos uma baita barreira a refrear a sensação de felicidade: a angústia. Pelo menos os seres humanos que pensam têm alguma parcela de angústia, que volta e meia vem à tona, com ou sem motivo.
Então, quando a gente pára pra refletir, descobre alguns poucos momentos (os que a amnésia alcoólica nos permite reter) em que a angústia, por algum milagre, foi embora (ou se escondeu muito bem) e nos deixou contemplar (ou fazer parte de) um universo em perfeita harmonia (é por isso que a gente bebe: beber ajuda, se você não deixar o porre chegar à fase depressiva. Na fase alegre e amorosa, a angústia vai pra pqp.)
Dá para lembrar alguns momentos em que estive em perfeita sintonia com o Espírito: solando uma guitarra no teatro da Uff no em julho de 1983; sentado à beira de uma piscina semi-acordado com uma lata de cerveja na mão em abril de 1994; fazendo sacanagens com uma namorada no sofá em fevereiro de 1980; num romance de carnaval em fevereiro de 1982; na minha festa de casamento em outubro de 1987; quando conheci todos os meus amigos de infância, nas décadas de 1960 e 1970, que em minha mente chamo de Os Imortais; e quando vi minhas filhas cantarem no coral da escola este ano -- elas me fizeram chorar, porque a música, quando emitida somente através da voz humana, tem um poder de atingir o peito que nenhum outro instrumento possui.
Fins de ano não costumam figurar nestes momentos, porque o réveillon de modo geral me lembra que vou ficar mais velho. E me faz pensar em quanto tempo me resta. E nas coisas que ainda não fiz. Mesmo que eu dance a noite inteira e relaxe, me lembro disso em algum momento.
Mas quero lhes desejar um excelente 2006: afinal, temos muito ainda o que fazer este ano. No mínimo, nas urnas.
Um grande abraço a todos vocês que me acompanham aqui desde 2001.
30.12.05
29.12.05
26.12.05
Já disse que estou mergulhado em "A torre negra", de Stephen King. Já estou lendo o quarto volume. Mas dei uma parada para reler "O leão, a feiticeira e o guarda-roupa", de C. S. Lewis, após ver o filme "Crônicas de Nárnia". Essa história me encantou quando criança e continua uma delícia: ao contrário da formalidade de seu amigo Tolkien, Lewis escreve conversando com o leitor, num estilo conciso e leve.
E qual de nós não gostaria, por vezes, de abrir um guarda-roupa e encontrar outro mundo, outras possibilidades de vida e jogo, numa passagem secreta? Pelo menos em alguns recantos do meu cérebro, há muitas Nárnias que visito, e que jamais perdem seu fascínio.
E qual de nós não gostaria, por vezes, de abrir um guarda-roupa e encontrar outro mundo, outras possibilidades de vida e jogo, numa passagem secreta? Pelo menos em alguns recantos do meu cérebro, há muitas Nárnias que visito, e que jamais perdem seu fascínio.
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