30.12.05

Outro dia eu estava conversando com o Paulo Couto, do FórumPCs, e ele me dizia que foi muito feliz quando morava na Bahia, um lugar onde se sabe curtir a vida. E fiquei pensando: a felicidade é mesmo essa coisa fragmentada -- porque nós, os seres humanos, temos uma baita barreira a refrear a sensação de felicidade: a angústia. Pelo menos os seres humanos que pensam têm alguma parcela de angústia, que volta e meia vem à tona, com ou sem motivo.

Então, quando a gente pára pra refletir, descobre alguns poucos momentos (os que a amnésia alcoólica nos permite reter) em que a angústia, por algum milagre, foi embora (ou se escondeu muito bem) e nos deixou contemplar (ou fazer parte de) um universo em perfeita harmonia (é por isso que a gente bebe: beber ajuda, se você não deixar o porre chegar à fase depressiva. Na fase alegre e amorosa, a angústia vai pra pqp.)

Dá para lembrar alguns momentos em que estive em perfeita sintonia com o Espírito: solando uma guitarra no teatro da Uff no em julho de 1983; sentado à beira de uma piscina semi-acordado com uma lata de cerveja na mão em abril de 1994; fazendo sacanagens com uma namorada no sofá em fevereiro de 1980; num romance de carnaval em fevereiro de 1982; na minha festa de casamento em outubro de 1987; quando conheci todos os meus amigos de infância, nas décadas de 1960 e 1970, que em minha mente chamo de Os Imortais; e quando vi minhas filhas cantarem no coral da escola este ano -- elas me fizeram chorar, porque a música, quando emitida somente através da voz humana, tem um poder de atingir o peito que nenhum outro instrumento possui.

Fins de ano não costumam figurar nestes momentos, porque o réveillon de modo geral me lembra que vou ficar mais velho. E me faz pensar em quanto tempo me resta. E nas coisas que ainda não fiz. Mesmo que eu dance a noite inteira e relaxe, me lembro disso em algum momento.

Mas quero lhes desejar um excelente 2006: afinal, temos muito ainda o que fazer este ano. No mínimo, nas urnas.

Um grande abraço a todos vocês que me acompanham aqui desde 2001.

29.12.05

Don't part with your illusions. When they are gone you may still exist, but you have ceased to live.

Mark Twain
Eu adorei o novo "King Kong". Não dá para sentir as três horas passarem, e as cenas na ilha (criada digitalmente) são impressionantes. As passagens com os dinossauros são melhores que os três Jurassic Parks juntos.

E Naomi Watts está a própria personificação da Beleza.

26.12.05

Já disse que estou mergulhado em "A torre negra", de Stephen King. Já estou lendo o quarto volume. Mas dei uma parada para reler "O leão, a feiticeira e o guarda-roupa", de C. S. Lewis, após ver o filme "Crônicas de Nárnia". Essa história me encantou quando criança e continua uma delícia: ao contrário da formalidade de seu amigo Tolkien, Lewis escreve conversando com o leitor, num estilo conciso e leve.

E qual de nós não gostaria, por vezes, de abrir um guarda-roupa e encontrar outro mundo, outras possibilidades de vida e jogo, numa passagem secreta? Pelo menos em alguns recantos do meu cérebro, há muitas Nárnias que visito, e que jamais perdem seu fascínio.

12.12.05

Amanhã, dia agitado: lançamento do livro da Beth Orsini no Museu da República, depois lançamento dos livros do Nelson Vasconcelos e do Leonardo Pimentel na livraria DaConde, no Leblon.