24.4.05

Minicontos do desconforto -- 78

Trinta e três anos depois, ele não a reconheceu de imediato quando entrou no restaurante (e ficou encabulado). Mas, depois de duas horas de papo, quando desceu as escadas, viu-se novamente no Rio de Janeiro de 1972 e riu junto com o Tempo gozador que era agora o porteiro do restaurante que não mais existia (isto é, não existia ainda).

O Tempo, com uma mesura e uma piscadela de olho, fê-lo entender que viajar por suas dimensões fugidias nada tinha a ver com a teoria da relatividade de Einstein, nem com astrofísica.

Tinha a ver com um grande amor. Do tipo que não se realiza.

Então ele se sentou no meio-fio e chorou amargamente a perda do que, no fundo, jamais tivera.

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