22.6.05

Adorei o novo filme do Batman. Gosto do herói, principalmente depois que ele retomou seu clima original com a publicação de "O cavaleiro das trevas", de Frank Miller, nos anos 80.

14.6.05

Há momentos em que as coisas simplesmente dão errado. Não adianta querer tapar o sol com a peneira e continuar falando amenidades quando uma sombra pesada se instala na sua cabeça: melhor calar e ir embora. Nesse ponto eu sou totalmente transparente. Não sei fingir que está tudo bem.

10.6.05

The poetry of earth is never dead:
When all the birds are faint with the hot sun,
And hide in cooling trees, a voice will run
From hedge to hedge about the new-mown mead.
That is the grasshopper’s—he takes the lead
In summer luxury,—he has never done
With his delights, for when tired out with fun,
He rests at ease beneath some pleasant weed.
The poetry of earth is ceasing never:
On a lone winter evening, when the frost
Has wrought a silence, from the stove there shrills
The Cricket’s song, in warmth increasing ever,
And seems to one in drowsiness half-lost,
The Grasshopper’s among some grassy hills.

(Keats, 1816)

9.6.05

Há um ano escrevi uma reportagem sobre usabilidade de celulares, inspirado por um papo com Cora Rónai, que gerou um estudo da responsável pelo Laboratório de Usabilidade da Ibmec Business School, Simone Bacellar Leal Ferreira. Acabei me tornando co-autor do estudo, junto com Marcos Gurgel do Amaral, e ele foi apresentado pela Simone mês passado no congresso da IAMOT (International Association for Management of Technology), em Viena, Áustria. Infelizmente não pude estar lá de novo (já estive na cidade uma vez, ela é inesquecível), mas vocês podem imaginar como fiquei prosa. Simone também vai apresentar o estudo aqui, no Congresso Anual de Tecnologia da Informação da Fundação Getúlio Vargas, no fim do mês.

7.6.05

Minicontos do desconforto -- 79

Quando acordou, sabia que ia morrer. Tivera pesadelos terríveis a noite toda, e a manhã estava fria (embora fosse verão) na borda do campo de batalha. Na colina oposta, tremulava o estandarte do adversário -- um arrivista covarde, filho de rainha viúva com camareiro. Ele, ali, o último dos reis guerreiros de uma longa linhagem, sabia que o trono era seu por direito, mas fora longe demais. Mandara matar gente demais; achara que o povo odiaria, como ele e os seus de York, a esposa de seu irmão, o falecido rei Eduardo, uma pobretona que pôs todos os parentes nos melhores cargos e, no fundo, ajudara a levar à Torre seu irmão George.

Mas o povo era volúvel, como o é em todos os tempos, e ele, o caçula e o mais leal irmão do rei Eduardo -- George, era verdade, vivia conspirando -- passou a ser temido. Ainda mais depois que seus sobrinhos desapareceram misteriosamente da Torre. Disseram que ele os havia assassinado para garantir sua permanência no trono.

Só ele sabia a verdade. Mas não podia revelá-la. Deixaria que a História se encarregasse disso, se seus representantes fossem competentes.

Vestiu-se para a batalha e subiu no cavalo, que estava inquieto.

Quando finalmente as lanças e espadas dos soldados do Duque de Richmond atravessaram seu corpo, Ricardo III da Inglaterra só pôde sentir alívio.

Era o ano de 1485 e o campo de Bosworth se encheu de fantasmas. E fantasmas não têm pesadelos.