29.12.04

Well I'm staring down from Venus in the dead of night
My mind is thinking back to when the world was right
Your guns and bombs keep rolling off the assembly line
And people keep on starving and you think that's just fine

With my head in the clouds
its easy to see
You better live together peacefully
You know the world is still your family tree
So keep it straight - remember me
It's not too late - remember me

Well I'm floating and spinning and flying above the Earth's atmosphere
And I've got a few things to say
That you may not wanna hear
Now there's just enough time to repair it
As long as you don't let it get you down
But there's not a whole lot you can do for yourself
when you're buried underground

With my head in the clouds
its easy to see
You better live together peacefully
You know the world is still your family tree
So keep it straight - remember me
It's not too late - remember me

There's so much yelling an screamingand lying and cheatingand robbing and preaching
That we've heard it all
We need some loving and caring
And kissing and hugging
And helping each other
Or we're gonna fall
And that'll be all
So remember me

(Ace Frehley, in "Trouble Walking")

Feliz 2005, moçada!



28.12.04

Minicontos do desconforto -- 75
(para Carolina)

Viu a neta sofrendo. Dias sem comer. Luzes apagadas e Carpenters na vitrola. Decidiu escrever-lhe uma pequena carta e enfiou-a sob a porta.

"Não tenha vergonha de carpir a morte do seu amor", foi o que leu a neta, com os olhos remelentos de lágrimas. "Quando eu tinha a sua idade, já lera muitos tratados de filosofia e decidi que amar não era uma opção. Principalmente para a mulher, que acaba sempre subjugada por esse sentimento que, então, eu achava maldito. Até que conheci Juan numa festa, que me abordou com as costumeiras palavras elegantes dos malandros. Mal esperava ele receber um jato de argumentos cínicos da boca de tão bela donzela. Titubeou, mas não esmoreceu. Até que, cansada de ficar sentada ouvindo as conversas frívolas de minha primas, resolvi dançar, lá pela meia-noite. E, naquela dança, alguma coisa aconteceu que eu não soube precisar. Mas me deixou cismando por dias.

Perguntei por Juan a uma amiga; ela me disse que ele trabalhava no jornal do Lacerda. Decidida, fui à redação e, vendo-o ali, escrevendo em meio àquele burburinho irresistível dos repórteres no fim de tarde. Estava tão sério e compenetrado -- parecia um jovem filósofo do cotidiano. E tão jovem! Ali, minha mente virou de cabeça para baixo, eu esqueci todo o meu discurso e beijei-o depois de um café despretensioso.

Seguiu-se uma paixão tórrida, que exauriu todas as minhas forças. Logo eu, que me considerava a mais preparada adversária do sentimento, capitulei com uma vontade que não havia percebido em mim.

Até que um dia vi Juan na Colombo com uma vedete. Então foi minha vez de me trancar no quarto e afogar de lágrimas o Zaratustra de Nietszche, querendo que minha vontade férrea fosse a mesma do super-homem.

Mas foi na dor que descobri, afinal, que era humana, e que o amor incendiário é finito, como nossos anos, contados do minuto em que nascemos. E, como escreveu Wilde, da dor que dura para sempre consegui extrair o prazer que dura um instante -- o suficiente para rir de minha arrogância e amar de novo, e ser mais sábia, e compreender a fluidez da paixão.

Fui lá, tirei Juan da vedete e namoramos até cansar. Eu me diverti horrores e acho até que o escandalizei um pouco. No fim, cansei e deixei-o (foi quando ele escreveu suas melhores crônicas).

Nessa época, comecei a arrastar a asa para seu avô, que Deus o tenha. Mas só nos casamos depois que eu namorei vários outros.

Portanto, acredite. Vai passar. E você também vai rir depois."

A neta foi tomar café no dia seguinte. E comeu tudinho.

Havia um novo brilho em seus olhos negros.

27.12.04

"Ondas gigantes matam 12 mil em países da Ásia" -- esta manchete me pareceu ficção científica ao acordar hoje. Pelo meio-dia, os mortos já haviam chegado a 23 mil. É como se diz: para morrer basta estar vivo. Que as almas levadas tão subitamente por mais este capricho do Destino encontrem paz onde quer que estejam.

17.12.04

Por falar em levinho, inacreditavelmente estou uns 15 quilos mais magro. Deve ter sido o e$tre$$e de outubro/novembro, em que precisei fazer uma economia de guerra para me livrar de pendências. Preocupação emagrece, pelo visto...
Estive estes dias com uma de minhas maiores amigas, tomando um daqueles chopes em que a boa prosa não pára. Fomos até as duas da madruga numa Cobal da vida; foi bom porque eu estava precisando desabafar sobre algumas agruras domésticas. Saí de lá repleto de chope, mas com a mente levinha, levinha.




O litoral de Ilhabela, SP, clicado a bordo do Paratii 2, barco do Amyr Klink. O dia estava uma beleza (foi no fim de novembro).

15.12.04

Fui ontem ao show da Norah Jones. Esperava algo meio morno, mas a apresentação foi gostosa demais. Em meio às baladas, ela espetou músicas country, climões de jazz e até alguns rocks (tocaram até The Band). A banda, afiadíssima, contou com o veterano Robbie McIntosh e Adam Levy nas guitarras, ambos excelentes e protagonistas de solos melodiosos. O baterista Andrew Borger deu um show à parte nas músicas mais climáticas, e a própria Norah canta horrores sem fazer a menor força.

13.12.04

True happiness is of a retired nature, and an enemy to pomp and noise; it arises, in the first place, from the enjoyment of one's self, and in the next from the friendship and conversation of a few select companions.

Joseph Addison

4.12.04

Em breve, os minicontos prometidos. Dia 30 passou e o blog fez três aninhos.
E também fotos do meu niver (é hoje, mas a bagunça foi ontem -- está narrada no Cadafalso I). Aguardem.